terça-feira, 29 de julho de 2014

Sendo autor em Larp

Comente depois de ler, para eu poder adicionar à discussão
Pra mim a pior parte é ter de explicar o raciocínio por trás das decisões e idéias, se tivesse mais pessoas tratando larp realmente como arte já teriam pessoas nesse caminho além de alguns colegas

Resenha 6:

Antes, veja o guia do NpLarp.


Primeiro falando de arte. Através de poesia.
No livro do Décio. O que é comunicação poética. Ele fala que poesia é brincar com linguagem, o poeta corrompe e deforma a palavra. E depois ele parte para um conceito importante, sintagma e paradigma. Sintagma é definido por combinação(contiguidade/proximidade), paradigma já por seleção (similaridade/semelhança). Logo paradigmas podem ser formulas que se assemelham, sintagmas podem ser formulas que se combinam.
Pense nisso de uma forma, larp "by night" ou usado com o livro da whitewolf é um paradigma por que eles se assemelham. Paradigmas são criados por conjuntos de sintagmas, elementos com importâncias semelhantes que criam o momento. Paradigma meio que pode ser mais entendido como uma forma, dentro dessa forma se tem variações, elas são sintagmáticas entre si, são formas que precedem desse paradigma, seja lá qual ele for.

Paradigma - teatro
Sintagmas - máscaras, bonecos, grego, teatro do oprimido, teatro de rua, performance...

Alguns paradigmas podem acabar estar contido em parte dentro de outros, o paradigma não é totalmente limitante, mas inclusivo por ser aberto na significação.


Depois no livro se é falado de métrica, rima. Essas coisas de poesia. Mas fica interessante quando fala de poesia não-linear e não-verbal; acho que dá pra citar todo o capítulo já que ele é importante pra minha noção do que é o larp.


"Os enunciados, falados e escritos, obedecem a uma certa lógica discursiva, linear, de causa e efeito, de princípio/meio/fim. Essa lógica se baseia na estrutura fundamental das línguas ocidentais, que é a predicação: sujeito/predicado/atributos. Na predicação, há um verbo que domina todo o sistema: é o verbo ser. Dentro desse sistema, você pode afirmar qualquer coisa, por mais absurda e contraditória que pareça, no mesmo nível de certeza: Deus é grande, Deus é pequeno, Teófilo é burro, você é legal, você é careta, a Nena já era."

Essa lógica ainda é reforçada pelo código alfabético escrito: com viente e poucos sinais são produzidas milhares e milhares de palavras; e, ainda, favorece a dominaççao dos signos-para, favorece a dominação da contiguidade e da metonímia: ela nos leva a ver o mundo em pedacinhos separados, desligados uns dos outros. Essa lógica permitiu o avanço da ciência, mas relega a arte a um papel secundário na sociedade.”

Lembro que maioria das palestras que assistia, se havia muito diálogo de habilidades virtuais como verbos. Principalmente em livros como os do Jesse Schell. A arte de game design. Eu acho que essa comparação não funciona no larp, poque o larp é ilimitado, depende totalmente dos agentes, eles são pessoas livres para criar na sua totalidade, é muito fácil acontecer algo impreviso.
Habilidades virtuais: são as capacidades do jogador dentro do mundo do jogo.

Mas o larp tem uma linguagem que não impõem significação. No larp, o jogador está inserido totalmente no jogo, crendo ativamente na ficção do jogo e de seu personagem e se esforando através dos procedimentos e da atuação. Ah e uma coisa, assim como já escrevi em um artigo anterior, uma pessoa representa uma pessoa, um ator sentado representa o personagem, é um símbolo que acomete na mente da pessoa, mas atuar é levar em consideração o fazer, entrar no personagem e atuar como o personagem, uma pessoa é na verdade uma construção na mente das outras pessoas, as ações e como ela é vista por cada uma as representa, atuar como o personagem não se importa com a visibilidade em si do personagem, mas com o modo de representar. Atuar como o personagem é um dos esforços do larp, atuar bem é uma das responsabilidades do jogador. E como Janet Murray fala em seu livro, interator é a palavra certa, pois a pessoa interage e atua relacionadamente à imposição da ficção do mundo do jogo e às suas responsabilidades e capacidades conhecidas no momento. Jogador é uma palavra muito passiva, jogar em um larp é algo que necessita de trabalho, preparo e cuidado.

Mas acho melhor eu apenas ficar por aqui nessa parte, e terminar com um pequeno texto que resume minha visão:

"O ideograma - assim como diversas outras linguas com código escrito e muitas outras sem código escrito - não possui o verbo ser. Nessas línguas, procura-se mostrar a coisa e não dizer o que ela é. Mostrar um sentimento e não dizer o que ele é - isto é poesia. Você já reparou num japonês falando português? Repare de novo - e tente ouvir se ele usa o verbo ser…”
"ideograma tambêm não tem categorias gramaticais fixas: um mesmo ideograma pode funcionar como substantivo, adjetivo ou verbo, dependendo de sua posição na “frase”. Os ideogramas correm diante dos olhos do leitor como fotos ou fotogramas de um filme. Isto já não ocorre com a escrita ocidental corrente: você precisa primeiro mentalizar as palavras e ligá-las por contiguidade a coisas e fatos - para poder saber o que elas significam.”

No larp, tudo é mais livre, ele se assemelha ao ritual do huizinga, livre e solto, pode contar algo, servir para alguma coisa, mas ele pode ser ele por ele mesmo. O foco do larp é o larp em si, as pessoas criam o sentido ou a racionalização de acordo como elas experienciam o jogo.

Acho que possivelmente o larp tenha uma linguagem mais parecido com a performance. Pois a performance é costumariamente usada para se ampliar as fronteiras das possibilidades das linguagens artísticas, e é tão variado. Larp existe, qualquer coisa que seja sintagmática a uma outra prática de larp, é um larp. Meio abrangente, mas excluir uma outra prática de larp é egocentrismo e detrimental a arte e arte é plural.

Uma coisa que as pessoas adoram fazer é criar meta-linguagens para delimitar o larp, dizendo que são "os elementos decorrentes". Meta-linguagens são palavras para falar sobre uma outra linguagem, nesse caso o larp. Assim como há uma meta-linguagem usada para se dialogar sobre poesia, há tambêm que se pode perceber que mesmo que ela seja conhecida é óbvio que alguém pode fazer poema sem ter menor idéia do que é métrica. A meta-linguagem não é essencial, ela pode servir para o que serve, mas ela não impossibilita da arte ser criada.

No larp não há metalinguagens realmente construidas em voltas da semiótica do evento, das sensações e ações. Mas uma correlacionada à estrutura de elementos, sendo fraca e vazia como é de uma linguagem emergente, podemos apenas perceber que sendo o larp a colagem de eventos que acontecem no presente há muitas coisas subjetivas ao jogador, e talvez formatiza-las em uma estrutura iniba o processo ao redor.
É interessante deixar uma meta-linguagem como as do ideogramas, objetos que se relacionam com tudo e com o todo de uma forma baseada mais na totalidade do que no indivíduo dos elementos, assim dependendo da forma como isso é tudo posto.

Acho que a nossa linguagem se aproxima mais da performance. Eu recomendo o livro do Renato Cohen, Performance como linguagem. Há várias partes que dialogam sobre a natureza da performance, acho que posso transcrever algumas partes para exemplificar a relação:
"Na performance, a ênfase se dá para a atuação e o performer é geralmente criador e intérprete de sua obra. Apesar da ênfase para a atuação a performance não é um teatro de ator, pois, conforme comentado no Capítulo 2, o discurso da performance é o discurso da mise em scéne, tornando o performer uma parte e nunca o todo do espetáculo (mesmo que ele esteja sozinho em cena, a iluminação, o som etc. serão tão importantes quanto ele - ele poderá ser todo equanto criador mas não enquanto atuante)."
"A partir disso, o performer vai desenvolver e mostrar suas habilidades pessoas, sua idiossincrasia. É a criação de um vocabulário próprio."
Para mim, um bom jogador é um bom ator, mas o que é um bom ator, alguem que não sai do personagem? Não, muito mais, é alguem que representa bem o personagem, a pessoa se importando com o modo como ela interage com o mundo ao redor e conhecido por ele dentro do jogo, criando seu método de interação baseado no seu papel dentro do jogo.
Vejo que muitas vezes pessoas novas eram colocadas diretamente dentro do jogo, e se sentiam inibidas, sendo deixadas de lado. Para atuar é preciso um trabalho e cuidado, não só próprio, mas através do grupo que organiza, são poucos os grupos que tem uma organização e preparação interessante. Com aquecimentos ou com uma explicação transparente da proposta. É necessário talvez uma soltura, uma leve coragem, um desejo e uma vontade para se tornar algo e experienciar. Para ser bom, não é necessário ter jogado seja la o que for antes, mas apenas se soltar e aceitar particar da experiência. Uma preparação antes ajuda a atingir melhor a experiência e pode ajudar o todo.
Ha, e mais uma coisa, maioria das vezes performances são estéticamente criadas como um espetáculo, larp não é um espetáculo, mas uma vivência, logo pondere os questionamentos do Cohen com uma pitada de sal.

E para agora consolidar uma idéia de alguns coletivos de colegas do ateliê. Larp é uma vivência, e é um jogo. Ele é lúdico, emergente da criação de todos os elementos e interatores("jogadores"), e no campo teórico ele se assemelha mais ao ritual do Johan Huizinga do que qualquer outra arte que eu já experimentei. Se nós estamos em um campo de vanguardismo, eu peço que tratem a linguagem com respeito e a forma como ela pode ser na totalidade, não através da forma que alguns paradigmas tentam se institucionalizar como totalidade, mas na totalidade das experiências possíveis, larp é o ritual de Huizinga, larp é livre e libertador, ele é total, tem de tudo e pode se tornar total. Não devemos nos prender a um paradigma porque estamos no centro dessa linguagem, criando e mostrando ela para todos do que pode se tornar, e por que seguir paradigmas se nós estamos em uma linguagem tão libertina e vanguardista como o larp. Larp é para os jogos e mais ainda, o que a performance é para o teatro.

No passado já se clamou por uma arte que fosse "álcool, não bálsamo", eu clamo novamente. Não na mesma mentalidade e no escopo que aquela época chegou, mas no escopo de que chega de prazer pelo prazer, chega do fácil e do descanso da mente, sofrer tambêm faz parte do viver, um larp costuma ser simultaneo e multiplo, por que não tomar sua possibilidade pelos braços e tacarmos fogos em idéias próprias e atiçarmos a pluralidade. Deixe de seguir o paradigma e se eleve, se liberte e fale "eu sou dono da minha arte" "Eu sou responsável por ela e esposo dela!" Não somos presos a nada, o paradigma inibe e favorece apenas a morte do intelecto. Siga somente a si.

Incomodar e sofrer é uma parte da arte. Faz tempo que maioria das performances já abandonaram o espétaculo, por que não o larp?
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O que é a responsabilidade do jogador? Primeiro, jogador, assim como já falei, é um nome porco. Particar é interagir, mas como a pessoa atua ela deve receber o nome de interator. Há muitas experiências que se codificam como jogos, possibilitando uma gama de experiências e prazeres, mas nenhuma ao ponto das vivências do larp.
No larp, a pessoa deve principalmente atuar cabivelmente dentro do personagem. Por que vivenciar o já banalizado nos outros jogos, se eles existem por essas razões? Cada coisa tem a sua função primária, e a sua função possível. Maioria das práticas de larp focam primariamente no prazer e na conquista curta, a função da totalidade do larp é possibilitar uma outra forma de experiência, o que eu chamo de vivência.
Vivência é uma passagem, uma experiência catalisante de emoções e sensações, algo forte que visa deturpar e mecher com as pessoas, alterar seu estado e torná-las mais, adicionando a pessoa algo que não se tinha antes.
Por que fazer o banal, se larp pode trazer essa forma de vivência? É como propor o atraso.
E olha que se é apenas confortavel seguir paradigmas, lhe digo que a falta de esforço é apenas em se manter cego, há várias estruturas prontas para criar vivências, vários larps criados assim como os que eu crio, que são de fácil acesso que podem mais facilmente transmitir emoções e vivências.
Uma coisa que se questiona no larp é o papel do jogador. O que deve ser feito, primeiramente, é interator. Dois, quando ele percebe que não se é entregado um aquecimento ou preparação devido e ele deve procurar um aquecimento ou preparação que lhe facilite entrar mais facilmente no quesito psico-fisiológico do personagem. Entrando talvez na mentalidade do personagem.
Terceiro é a luta, ser aberto para uma passagem, uma transformação, uma moldagem. O ritual do huizinga é algo transformante, e o larp pode se tornar transformante.
Por que passar pela mesmice, se você pode passar por experiências fortes recebendo o poder delas em seu ego. E como Johan Huizinga fala, o jogo é lúdico, mas ele é delimitado em espaço, ele tem um limite até onde ele consegue ir, mas somente quando é delimitado. Larps costumam ter uma delimitação de espaço ou tempo, e após isso costuma-se usar sessões de debrief que ajudam as pessoas a entender e proceder com essas experiências emocionais.

O jogador(interator) é como o performer, é ele que cria a experiência, conjuntamente com os outros interatores e elementos do jogo presentes no momento e no seu vocabulário de interpretação. Esse interator tem dos elementos, o relacionamento entre os outros elementos do jogo e as interações possíveis por ele. O modo de representar e atuar do interator vêm de seu esforço, ele deve ativamente buscar contribuir para a experiência proposta, pois é ele que cria a experiência. Logo a primeira a coisa a fazer, é perceber a sua responsabilidade e aceitá-la. Trabalhar para ela, entender qual é o escopo da experiência, e vivê-la sincronicamente ao modo que cria ela. Criar para o outro é criar para si

E antes de terminar essa parte. Depois que comecei a ter uma participação na ocupação artística do ateliê compartilhado, comecei a perceber uma coisa. Militância. Estar em um lugar com um cartaz, é militar. Pegar um megafone no meio de uma passeata é militar. Tudo que se é criado defende uma vontade. E como o jogador é o criador da experiência no momento do jogo, posso afirmar que ele é o artista. E a sua importancia é a mesma que a do autor. Eles devem ter uma sincronia e entendimento do que se deve ser feito, vivido e experienciado. O jogador(interator) tem de saber que quando ele joga um larp. Jogar um larp de autor parece ser algo militante e diferente. Experiências artísticas diferentes são poucas no meio do larp.

Jogar é criar, atuar tambêm é arte. E para se ter certeza apenas disso lembre que o jogo é criado pelas interações de quem joga, em um ambiente emergente eles tem liberdade para controlar os caminhos das situações do larp e conseguir assim tornar a situação única apesar do que acontecer na duração do jogo. Provavelmente cada realização irá ser diferente em alguma maneira e escopo de outra realização, especialmente por que ... acho que não preciso falar muito mais, apenas note. Cada jogador tem um vocabulario diferente, um numero de respostas possivel e uma chave diferente. E muitas vezes em cada realização, há elementos ou jogadores diferentes.

Acho interessante o jogador perceber, que participar de uma ou outra experiência é militar por ela. Arte é uma coisa política, e atores muitas vezes são fomentadores da discussão. Jogar é militar.


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Acho que antes de terminar, vou tentar concluir por dizer sobre espaço.
Ele e seus objetos são muito importantes.
Simplesmente leia o livro do Michael Nitsche, Video Game Spaces. O texto fala de tudo sobre espaço em jogos digitais, mas há muita coisa a se abstrair deles.

Mas acho que posso simplificar facilmente. Veja o cenário de O corno magnífico, de Crommelynck. Perceba que ele parece ser criado em módulos. Cada módulo cria uma interação possível, e apesar da forma como ele está predisposto, a ordem aqui é importante. A ordem e a relação espacial criam possibilidades de interação no espaço. É isso o que o espaço é, lúdico na sua natureza. Precisamos ainda mais estudar artistas plásticos e suas instalações. E provavelmente construtivistas e suas peças. Ou trazer pessoas com habilidades diferentes para trabalhar com larp. Como alguem das artes plasticas iria criar um larp.

Você já pensou, em um avental com um tocador de cd preso junto, que tivesse gravado vários rolepoems? E se no final do tocador apenas um fone de ouvido? Qual é a relação quer seria criado? Objeto e figurino é espaço.

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mechendo:

seu dever e resposabilidade ele ainda irá ficar assim, há um dever coletivo de um esforço maior, jogar larp devia ser um esforço, um desgaste, e não um passeio. Logo talvez a real estrutura do larp seja a do ritual, uma vivência com papéis e um "mito" por trás, uma vivência com o fim em si mesmo, o fim é a vivência, a vivência pela vivência, o larp pelo larp, as pessoas se quiserem podem inventar o que quiser depois por fora, a racionalização do larp só interfere na vivência emocional do evento como memória, o mais importante do larp é o presente, a realização.

E ai que cai a questão, que é o autor, será que o contexto por trás da pessoa influencia em como devemos captar a obra, ou será que devemos apenas olhar para o jogo e o autor apenas um nome. Quais será que são as camadas em que ganhamos ou perdemos com os dois pontos. Ou melhor, será que o autor tem alguma responsabilidade da sua obra, como ela deve criá-la, ou melhor deve ter algo do autor na peça.

Quando você vê um quadro, você sabe que alguem, ou em raros casos alguens criaram. Raro arte ser feita em grupo, a não ser em casos onde há sintonia ou uma estrutura inter-pessoal no grupo que é percebida e respeitada por esses mesmos membros. Ou não, estou mais acostumado a ver arte saindo de pessoas singulares, e ver de grupos sair produtos, feitos a ter um impacto determinado e singular. 

Quando escrevi o retalhos, eu estava passando por um processo de transformação que ainda continua. Eu passava por momentos e crises calmas, passei principalmente pela primeira experiência sexual, lembro tambêm que foi possivelmente que eu tive de lidar com a forma de lidar com a despedida. Não com a da pessoa se despedindo de mim, mas eu de lá, talvez por medo do momento da despedida. Eu sou uma pessoa que não lida direito com esses momentos ou relações, e não me importo com isso. Mas lembro que não escrevi o Retalhos intencionalmente como uma obra catalisadora e com interesse em transferir minhas experiências, talvez se eu mudasse o retalhos, e tirasse alguns elementos, ou reescrevesse o retalhos com uma forma diferente. Vejo a retalhos como um jogo que se pudesse reescrever, que eu ainda talvez vá fazer, eu forçe essas emoções através de um preparo e um aquecimento, talvez esse aquecimento seja uma pequena peça.

Outros jogos que poderia reescrever seria Cebolas, e Metal Pesado. Lembro que eles lidavam com o sentimento de perdição e falta de chão, criando uma confusão nos jogadores sobre o que fazer. Uma proposta interessante do autor Luiz Prado é de usar preparações para conseguir a experiência emocional desejada do jogador.

Larp não é só um jogo, é um trabalho. Uma proposta diferenciada, um jogo novo que pode transformar e ser algo. A palavra ritual tem uma carga diferente, não sendo talvez a melhor.

Eu vejo a diferença do jogo como algo descerebrado, e transformado em outras coisas.

Ah, e voltando à questão do autor. O autor existe, e ele sempre está por trás. E devido a existência e liberdade dele como autor, talvez seja melhor simplesmente deixá-lo liberto a fazer a arte da forma como quiser. O autor quando pega sua vida, transforma em arte, tem um vocabulario maior para conseguir criar, a isso se transforma em algo mais bem construido, verossimel e intenso. O interessante do larp não é virar um jogo leve e esquecível, mas assumir toda a potencialidade da experiência. Acho que a palavra jogo talvez não seja novamento a melhor, mas a pior palavra. As pessoas esperam poucas coisas de jogos, principalmente por que eles na maioria são limitados comparados à potencialidade do Larp. Ou melhor, a questão não é a potencialidade, mas o quão fácil se pode chegar na potencialidade.

O desafio do autor é não só criar uma obra, mas criar uma obra com importancia, pois sua figura e imagem de autor é criada através de suas obras. E uma maior questão, a obra é a forma de diálogo que o artista tem com o mundo, como dialogar e ver, somente através da sua obra. E a obra não é feita só por ser feito, a obra tem de ter uma finalidade, é pegar algo interior e exteriorizar. E não há nada melhor a exteriorizar do que os questionamentos e turbulencias de uma mente criativa.

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