sábado, 8 de março de 2014

Arte em jogos, minha visão

O que é um livro, ou uma peça? Um objeto, esperando para ser devorado por uma ou mais pessoas, consumidos, e experiênciados.

Quando você lê, você não só consome passivamente, você pensa, imagina, você reflete, você discute e interage com a obra em um plano mental.

Uma peça já não, é cabo dos atores interpretarem e passarem a experiência da obra ao seu público. Não só isso, como os espectadores da peça devem fazer uso do plano imaginário para entendê-la e refleti-la, é uma habilidade mental inerte em todos, refletir e imaginar, construindo por trás na nossa a nossa compreensão da trama enquanto ela está sendo formada na nossa frente.

Mas assim como os espectadores, os atores tem um papel, eles poêm seus repertórios e capacidades para transpor ao público a experiência desejada, cada atuação, pode ser similar, mas sempre vai ser diferente. A definição de arte para os gregos vinha junto com a capacidade lúdica, tanto que eles tinham preconceitos contra esculturas e pinturas, e preferiam ao teatro e dança.

Jogos digitais não caem fora disso, o jogador é uma espécie de interator, ele recebe um papel no jogo, e uma capacidade de jogo, e regras que delimitam sua liberdade dentro do espaço. O jogo antes, era apenas um esqueleto, uma peça, uma premissa que dá espaço e palco ao jogador fazer seu papel seja lá qual for sua intenção com o jogo, tanto que qualquer interação com o ambiente de jogo, é uma espécie de jogo. As pessoas são livres para interagirem da forma desejada, e não da esperada por outros, pois como uma experiência artística, a pessoa deve impor de seu repertório e capacidade para jogar.

Larps e Args são uma outra forma que utiliza ainda mais disso, pois há mais liberdade, maior espaço para interpretar o papel dado ao jogador, menos regras, e um espaço real, onde o que separa ele do mundo é o corpo e sua crença na ficção do jogo. Tanto que na minha visão, mesmo que o desejo do autor seja a de pintar um retrato, ou um quadro, os jogadores(interatores) seriam como cores retiradas de vários baldes, cada um deles vem com um repertório, repleto de defeitos e capacidades, todos únicos, e o autor pode fazer um controle de qual cor irá ter qual papel no quadro.

O larp, ou seja lá a forma de jogo, como produto é o desejo do autor, a premissa, o esqueleto ali disponível, somente se tornando pleno com o preenchimento, com a alma do interator.

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