quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Franqueza

Franqueza e honestidade é a melhor coisa. Eu como autor crio meus larps pra que os jogadores vivenciem uma experiência proposta. E eu proponho larp como uma forma de arte;

Simplesmente por causa da experiência vivida? Não, por que um autor pode trabalhar os elementos para forçar essa vivência, mas por que ele pode fazer uma pessoa sentir uma outra emoção. Retalhos e Druk são totalmente autorais, eles não são simplesmente jogos, pra mim eles são peças que somente tomam sua forma total quando são realizados, o larp jogo existe independente de ser realizado, mas como arte ele é inusitado em todas as realizações.

Retalhos, é um jogo sobre despedidas. Talvez eu tenha feito com esse tema, por que eu como pessoa não me despeço, eu criei o jogo muito mais pensando em retalhos. Ele vai embora, não tem o que fazer. O larp, ou melhor, a arte se torna um grande impacto emocional, ou seja lá o que seja, talvez quando o autor se ache dentro do jogo, ou saiba o que ele vai transpor de si no jogo, ou tirar de si para colocar ali dentro. Muitas relações eu já sumi, ja parti de muitos grupos sem sequer dizer tchau. Retalhos vai embora, e todos sabem. Eu me coloquei no papel de forçar o adeus, esse momento de partir necessita de uma coragem interna que eu não tenho, mesmo que esteja claro como a noite a razão de eu ir, retalhos, assim como eu, não consegue verbalizar a razão de ir embora. Talvez eu quisesse dar adeus a alguem, ou quem sabe, eu quisesse dar adeus a algo de mim.

Retalhos é parte de mim, é uma obra minha, quase que meu primeiro retrato, meu primeiro auto-retrato.

Druk, eu vejo como uma confusão, uma falta de clareza em saber o que fazer. O que é a nossa vida, do que um negócio mal feito, onde perdemos sacrificamos e traimos. Partes nossas, e pensamentos ou planos futuros, que decidimos e planejamos, que delegamos e retornam a nossa mente quando algo de ruim acontece a nossos planos. Somos destruídos com duvidas, e tomamos decisões rapidamente, nunca realmente estamos sóbrios, ou sabemos o que fazer, o que falar, ou se falar. Nunca vemos tudo por inteiro. Tomar decisões nunca foi uma parte emocional, sempre racional através da disputa e diálogo entre meus desejos e vontades. E talvez seja isso a mágica de Druk, a disputa e confusão.

Druk, realmente é o meu estado de espírito, ou talvez não seja, mas quem sabe seja.

Eu vou realizar mais um rolepoem, curto, fechando a minha trilogia de auto retratos, o proximo irá se chamar Heremita. Será uma viagem através de um bairro, uma peregrinação atrás de um bar. 2 a 6 mendigos, ou aventureiros irão peregrinar atrás de um bar de esquina com uma cara boa. Um deles irá contar de sua vida e aventuras, infortúnios e desavenças. Esse jogo tem um personagem, o jogador mesclado com algum herói de sua infância, alguem que lhe influenciou, ou alguem que ele queria ser quando pequeno, desde um astronauta, assassino, jackie chan, Gabe Newell, político, He-man. Seja lá o que for ele deve contar com orgulho. Quando chegarem os colegas irão sentar pedir copos e a bebida(alcóolica ou não) e ele chegará na mesa dos colegas, sendo muito bem recebido e irá encher os copos de seus camaradas e o seu por ultimo, e brindarem. Ele deverá falar de seus planos futuros como pessoa. O bar de fim de jogo será escolhido somente pelo peregrino que fala, e ele irá pagar a bebida gasta nesse bar(ou não). Assim que acabar a bebida, o peregrino que fala irá trocar, e o processo só irá terminar quando todos terem falado.

Esse jogo funciona muito bem para conhecer a cidade, e bares na região, ou cansar de andar. Em grupos grandes, os últimos tem de levar a consideração do cansaço, mas essa é uma jornada em grupo, e todos devem fazer.

Simplesmente, é a representação da jornada de Campbell, e no final o herói não é recebido só recebido, mas acolhido pelo grupo que achou, o culmino da vida é a situação atual e as felicidades de agora... Deixando para trás infortúnios e solidão. Eu pretendo me tornar outro algo, criado em toda minha jornada, e acho que um marco especial, e o melhor jeito, seria realizar um jogo marco, estabelecendo uma data como um novo marco para o começo de um presente melhor e mais prósprero. Não que agora não esteja, mas eu gostei das palavras...

Apesar de não ter muito a ver com solidão, esse é um jogo meio introspectivo, feito para criar laços entre os jogadores, passear e beber.

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